sábado, 28 de maio de 2011

Amanda Gurgel: Professora em Destaque

Após participação em audiência pública professora tornou-se popular em todo país. Confira alguns fatos sobre sua militância e uma entrevista dada ao jornal Tribuna do Norte.


A potiguar Amanda Gurgel de Melo, Professora de Língua Portuguesa de uma escola pública de Natal, fez um pronunciamento na Assembleia Legislativa durante uma audiência pública, no dia 10 de maio, sobre os problemas educacionais no estado. Após a grande repercução de seu discurso foi entrevistada por vários meios de comunicação, entre eles o Domingão do Faustão, na Rede Globo, onde reafirmou as palavras de seu primeiro discurso. Em suas declarações, Amanda esclarece que não está interessada em publicidade pessoal, mas em denunciar os problemas vividos por cada profissional envolvido com educação no Brasil, o que tem feito com muita humildade, firmeza e maturidade.


No dia 25 de maio os Deputados da Comissão de Educação e Cultura da Câmara aprovaram, por unanimidade, uma moção de saudação à Amanda Gugel de Melo proposta pela Deputada Fátima Bezerra (PT). Também foi elogiada pelo fato de defender uma campanha intitulada de "10% do PIB, já!", ativa desde o dia 17 de maio, que tem como objetivo tocar os Poderes Executivo e Legislativo para aprovação da aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação, melhorando as condições de trabalho e estudo de professores e alunos do país inteiro. A proposta é uma antiga reivindicação dos educadores brasileiros e está em processo de discussão do Plano Nacional de Educação (PNE). Atualmente apenas 5% do PIB são dirigidos ao setor.


Confira a seguir uma entrevista dada por Amanda ao jornal Tribuna do Norte, do Rio Grande do Norte, dia 19 de maio.

Conte o início da sua história como professora.


Olha, eu preferia começar falando sobre outro assunto. Porque o mais importante na minha fala, que foi transformada em vídeo, e nessa repercussão toda que está tendo, é que isso reflete uma situação existente há muito tempo na nossa categoria. Quem é professor há 20 ou 30 anos conhece o processo de degeneração pelo qual as escolas vêm passando. Isso é o principal e não a minha imagem ou até mesmo as minhas palavras, mas a situação. Nós temos diversas discussões em nível nacional. Existe, por exemplo, o Plano Nacional de Educação, que está sendo discutido e são essas as questões principais. Eu não quero que as pessoas me vejam como aquela professora que falou e ficou famosa. Eu sou realmente uma professora que pega três ônibus todos os dias para ir ao trabalho e não acho isso bonito. Eu não acho isso interessante. Eu acho que essa é uma situação de opressão.



Depois da repercussão do vídeo, você aderiu ao twitter?

Não. Eu não participo de nenhuma rede social. Mas fiquei sabendo hoje que há uma conta com meu nome. Minha irmã viu e me avisou. Mas a conta não é minha. É um fake que está tanto no Twitter quanto no Facebook. Eu na verdade estou chocada com essa expansão tão rápida, que pode servir tanto para o bem quanto para o mal.

Como é o seu cotidiano como professora?

Eu trabalho em duas escolas. Se tivesse noção da repercussão que aquilo teria, eu teria falado sobre a saúde do trabalhador porque eu sou inclusive vítima disso. Eu adoeci e precisei mudar de função. Hoje estou afastada da sala de aula e desenvolvo atividades pedagógicas na biblioteca e no laboratório de informática. Eu adoeci em decorrência da minha atividade em sala de aula. O que eu tentei foi falar sobre a condição de todos os trabalhadores. Daquele professor que tem o carro, mas não pode usá-lo todo dia porque não tem dinheiro para a gasolina. Porque a realidade dos trabalhadores é essa. Eu por exemplo moro em Nova Parnamirim e trabalho em Nova Natal e preciso acordar às 05h para chegar no horário. A minha realidade é mais suave, porque eu não tenho filho e não preciso dividir o meu salário. Na verdade, eu fico olhando para os meus colegas, da Escola Municipal Prof. Amadeu Araújo e da Escola Estadual Miriam Coeli, e pensando o quanto eles são corajosos. Isso porque são muitas as frustrações pelas quais nós passamos, desde quando escolhemos o curso de graduação, com todas as ilusões dos bancos de universidade, até chegar à realidade.

Você é professora de que disciplina e há quanto tempo?

Sou professora desde 2002. Entrei a Universidade em 2001 e no ano seguinte comecei a lecionar no Cursinho do DCE. A minha experiência exitosa na educação começou e se encerrou ali. Foi a experiência positiva que marcou. Sou professora de língua portuguesa, o que traz uma frustração maior ainda. Terminei um curso de licenciatura preparada para fazer com que os alunos produzam resenhas, crônicas, etc. Mas me deparei com uma sala de aula onde o aluno não é capaz de ler uma palavra simples como bola. Isso é desolador. A forma que eu encontrei de canalizar essa frustração é lutando pela categoria.


Por que você se interessou pelo magistério?

Eu tive uma professora, chamada Claudina, de Espanhol, que era uma fonte de admiração. Eu queria ser como ela. Eu sempre acreditei na educação. Não era a melhor aluna da classe, mas era aplicada. Então, eu quis ser professora por acreditar que nessa profissão seria possível mudar vidas.

Voltando ao vídeo, você preparou o discurso com antecedência?

Não. Eu prestei atenção nas falas anteriores e cada absurdo que era falado eu procurava um contraponto. No final, saiu aquilo ali. E não há nada naquelas palavras que não se diga todos os dias nas escolas, que os meus colegas não estejam cansados de saber. A realidade é a mesma há muito tempo. Eu não entendo toda essa repercussão. Talvez o grande lance do vídeo é ter sido gravado ali, na Assembleia Legislativa e na presença da secretária estadual de Educação. Algumas pessoas teriam medo, mas eu nem pensei nisso. Eu não tenho motivo para ter medo de Betânia Ramalho e nem de deputado nenhum, porque eles não me deram emprego e não dependo deles para nada. São eles quem dependem da população.



Incomoda a repercussão que o vídeo teve?

Não chega a incomodar. Mas queria focar no discurso político, porque eu não tenho o menor interesse de focar na minha imagem. É uma surpresa para mim, já que essa é a nossa realidade e não é nada novo.


Você prefere não ser vista como um símbolo dessa luta por melhoria?

Nem símbolo de uma luta. Eu sou apenas mais uma peça. Assim como eu, há outros, milhares de trabalhadores. Eu não sou símbolo de nada e nem pretendo ser.


Você viu quem citou o seu vídeo na internet nos últimos dias?

Fico sabendo quando alguém me liga e fala. Soube que o Gilberto Gil e a Zélia Duncan citaram.


O Marcelo Tas postou o vídeo no blog dele também.

É. Isso entre as celebridades. Contudo, o importante é porque muitas pessoas vão poder ver e não o fato de serem celebridades em si.



quinta-feira, 26 de maio de 2011

XII Feira de Livros

Escola Conceição Lyra realiza a XII Feira de Livros: Exposição Literária Alagoana, com o tema Os Artistas Miguelenses.


O evento, que se estende por três dias (25, 26 e 27), tem como um de seus objetivos homenagear os artistas naturais de São Miguel dos Campos. O volume de personalidades e obras aparenta ser insuficiente para um trabalho dessa natureza, caso vejamos a cultura do município com a visão de um cidadão simples, porém, essa concepção exalta a primeira grande conquista do trabalho: expor aos jovens miguelenses a riqueza artística e cultural a que dispomos e precisam conhecer. Sobre essa necessidade a professora Lurdinha Nascimento foi bastante precisa quando afirmou, em outras palavras, que apesar da violência e tantos outros fatores que atingem negativamente a imagem de nossa cidade, precisamos observá-la noutros contextos, visto que um povo só adquire progresso quando conhece a si próprio, sua gente, seus fatos, seu potencial. Acrescentou ainda que é um trabalho cujos resultados serão colhidos futuramente, quando filhos e netos forem capazes de descrever as qualidades culturais de sua terra.

A feira conta com exposição de maquetes e cartazes onde foram expostas informações sobre o município; estandes com venda de obras literárias de vários nomes da literatura brasileira, em especial os homenageados na exposição; e com várias apresentações teatrais, encenados pelos alunos da escola. Destacaremos aqui algumas das apresentações: Festival de Duplas Miguelenses, Fernando e Isaura, e Feira da Ponte. Na primeira, a turma de 6º ano declamou versos dos artistas tema da exposição, entre eles Manoel Clarindo e Vicente Minervino, que escrevem literatura de cordel. Em Fernando e Isaura, apresentada pelos estudantes de 9º ano da escola, foi encenada uma obra de mesmo nome do escritor Ariano Suassuna, único escritor estudado no evento, que não é natural de São Miguel dos Campos, mas paraibano. Entretanto, conforme frisou Betânia Leite, diretora da instituição, o romance é ambientado em Alagoas, tendo a cidade de São Miguel dos Campos como cenário do primeiro encontro do casal protagonista da história.












A apresentação intitulada Feira de Ponte teve como atores os alunos de 8º ano orientados pela Professora Jeane. Inicialmente tratando de fatos históricos da cidade (como a escolha de seu nome e a própria Feira de Ponte) e em seguida representando a situação cruel de criminalidade em que vive mergulhada, revelou-se um dos pontos altos dessa exposição. Assaltos, dependência química, violência doméstica e as mazelas do estereótipo político da região foram inseridos num enredo criativo onde lugares e habitantes eram descritos com grande autenticidade, bom humor e responsabilidade. Enfim, não restou pedra sobre pedra na apresentação feita pelo 8º ano, que esmiuçou toda a história de São Miguel dos Campos através da atuação, dança e grande talento de seus alunos.







O fato de muitos da juventude miguelense vivenciarem o processo educativo e não conhecerem sua história e a importância dos aspectos sociais, políticos e econômicos da cidade apenas demonstram o quão frágil é a qualidade da instrução intelectual que recebem, desconhecendo suas origens e o desenvolvimento de sua história. Com isso, a Escola Conceição Lyra apresentou uma excelente visão pedagógica, intensificando a tarefa primordial de uma escola em instruir e construir um cidadão completo, ciente das características da comunidade onde vive e com capacidade para refletir e intervir nas ações de seu cotidiano. Portanto, devido ao excelente trabalho desenvolvido, prestado ao povo miguelense, são dignos de congratulações.