As constantes greves têm abalado ainda mais o frágil sistema educacional de Alagoas. Confira o histórico de greves que tem atingido a educação do estado nos últimos cinco anos.
Greves na educação tem sido uma constante no estado de Alagoas, seja no nível básico ou superior. As queixas de funcionários e alunos são sempre as mesmas que porventura jamais são resolvidas pelo governo do estado ocasionando a necessidade de mais paralisações. Vejamos alguns desses momentos nos últimos 5 anos que resultaram em greves ou paralisações.
O fato de muitos funcionários das escolas estaduais não serem concursados é péssimo para qualidade da educação ofertada, mas é conveniente para o governo do estado, pois funcionários contratados não têm direito a fazer reivindicações, enfraquecendo os movimentos grevistas; os salários pagos são menores e vários direitos trabalhistas não são obrigatórios. Existem escolas funcionando com quase 80% de professores-monitores, salas sem a menor estrutura para aulas, turmas sem aula de vários componentes curriculares e falta de equipamento e profissionais qualificados. Com isso, o estado ocupa a 27º posição do ranking de qualidade em educação do Brasil, última colocação, segundo o PISA (2009). De acordo com pesquisa do IBGE, 2008, a média de tempo de estudo dos alagoanos é de apenas 5,5 anos, analisando-se pessoas com 15 anos ou mais. Também lidera os índices de evasão, repetência e distorção idade/série. Por isso, tem, em todos os níveis de ensino, os piores índices educacionais do país.
Essas são mais que justificativas para a classe de profissionais da educação incitar mobilizações como protestos, paralisações e greves. E a sociedade precisa apoiar essas reações, unir-se a causa educacional de seus filhos e netos. A juventude precisa buscar informações, refletir, questionar, e demonstrar que o empenho de seus mestres em sala de aula, mesmo diante de tantas dificuldades, está fazendo efeito. Aos movimentos sindicais cabe usar de todos os meios legais possíveis para exigir o cumprimento de todas as reivindicações feitas e parar de usar a melhoria das condições de trabalho como muletas para conseguir apenas um mísero aumento de salário.
- Em janeiro de 2007 os funcionários da rede estadual de ensino iniciaram uma greve que durou 70 dias, encerrada após uma proposta do governo do estado que consistia em pagar parceladamente a isonomia dos professores garantida por lei no ano anterior;
- Uma greve por tempo indeterminado foi iniciada em outubro do mesmo ano pelos profissionais da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL) que reivindicavam 40 horas para todos os professores, realização de concurso público, revisão do Plano de Cargos e Carreiras e melhores condições de trabalho;
- No mês de junho do ano seguinte, a UNEAL foi atingida por outra greve, pois as promessas feitas pelo governador no final de 2007 em resolver os problemas da Universidade não foram cumpridas. Uma delas era o reajuste de 16,8% nos salários dos professores e a regularização dos mestres e doutores, onde cerca de cinco já tinham deixado a instituição. A UNEAL poderia deixar de ser Universidade devido ao número de profissionais com esses títulos em seu quadro de funcionários. Além das reivindicações citadas a categoria lutava novamente pela realização de concurso público. Cerca de duzentos funcionários contratados precisavam ser substituídos, todos trabalhavam na execução de serviços gerais. A realização dos trabalhos era precária visto que esses funcionários eram constantemente substituídos e não havia condições de capacitá-los. Assim, vários eram designados para funções que não sabiam desempenhar caracterizando, em alguns casos, o uso da instituição como cabide de emprego. No mês seguinte a Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas aprovou os 16,8% de aumento e o governo estadual enviou o Plano de Cargo e Carreiras para o parlamento pondo fim a greve;
- Em junho de 2008 os professores das escolas estaduais também entraram em greve, e assim permaneceram por quase 60 dias até que foi apresentado ao sindicato dos profissionais grevistas uma proposta de reajuste salarial e enquadramento dos servidores. Também foi anunciada a criação do Pacto da Educação, um documento que será assinado pelo Governo do Estado, SINTEAL, Legislativo, Ministério Público, Ministério da Educação, Igreja e demais instituições, a fim de construir uma nova realidade para a educação no Estado de Alagoas;
- Ainda no fim de 2008 mais uma greve foi realizada na UNEAL, tendo fim no início de 2009;
- Em julho de 2009 os professores da rede pública de ensino decretaram uma greve de quinze dias, solicitando um aumento de 15% em seus salários, condições reais de trabalho, convocação de concursados em 2005, garantia de direitos conquistados (como difícil acesso, agilidade na implantação da mudança de nível, pagamento do resíduo da isonomia), recuperação do Centro de Pesquisa Aplicadas (Cepa), implementação das escolas de tempo integral e política de segurança. A paralisação se estendeu e tornou-se greve sem previsão de término. Nesse período o governador usou comunicados para reverter para os professores a responsabilidade para os prejuízos da greve, inclusive o não recebimento de recursos caso a paralisação continuasse. A juíza Ester Manso, da Vara da Fazenda Estadual, decretou a ilegalidade da greve dos professores e demais trabalhadores onde o sindicato da categoria estaria sujeito a multa de 20 mil reais por dia de descumprimento de sua decisão; além disso, a magistrada considerou legítimo o desconto dos dias parados nos salários dos grevistas, assim como a abertura de processo administrativo disciplinar por abandono de cargo, Depois de 49 dias de greve, professores e servidores da educação de Alagoas decidiram retornar às atividades mesmo sem acordo para reajuste salarial. O governo apenas se comprometeu com a lei que garantia a gratificação de difícil acesso;
- A última greve aconteceu no primeiro semestre de 2011. Na ocasião os professores da rede estadual de Alagoas aceitaram um reajuste de 7% depois de mais de quinze dias sem atividades. Além da melhoria de salários, os professores pediam alinhamento da tabela dos funcionários das escolas, melhorias na estrutura da educação pública de Alagoas e a garantia de que não haveria corte nos salários referentes aos dias de greve, mas o governo do estado se negava a assinar um documento garantindo atender as reivindicações da categoria. O movimento foi apoiado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT).
O fato de muitos funcionários das escolas estaduais não serem concursados é péssimo para qualidade da educação ofertada, mas é conveniente para o governo do estado, pois funcionários contratados não têm direito a fazer reivindicações, enfraquecendo os movimentos grevistas; os salários pagos são menores e vários direitos trabalhistas não são obrigatórios. Existem escolas funcionando com quase 80% de professores-monitores, salas sem a menor estrutura para aulas, turmas sem aula de vários componentes curriculares e falta de equipamento e profissionais qualificados. Com isso, o estado ocupa a 27º posição do ranking de qualidade em educação do Brasil, última colocação, segundo o PISA (2009). De acordo com pesquisa do IBGE, 2008, a média de tempo de estudo dos alagoanos é de apenas 5,5 anos, analisando-se pessoas com 15 anos ou mais. Também lidera os índices de evasão, repetência e distorção idade/série. Por isso, tem, em todos os níveis de ensino, os piores índices educacionais do país.
Essas são mais que justificativas para a classe de profissionais da educação incitar mobilizações como protestos, paralisações e greves. E a sociedade precisa apoiar essas reações, unir-se a causa educacional de seus filhos e netos. A juventude precisa buscar informações, refletir, questionar, e demonstrar que o empenho de seus mestres em sala de aula, mesmo diante de tantas dificuldades, está fazendo efeito. Aos movimentos sindicais cabe usar de todos os meios legais possíveis para exigir o cumprimento de todas as reivindicações feitas e parar de usar a melhoria das condições de trabalho como muletas para conseguir apenas um mísero aumento de salário.