Depois de muita comemoração de ambos os lados a oposição liderada por George Clemente obteve o resultado que tanto almejava do Supremo Tribunal Eleitoral sobre o destino da prefeitura de São Miguel. Carrega agora a responsabilidade de governar num município com sérios problemas sociais, de modo que a esperança dos miguelenses é seu maior aliado e rival.
Poder e Alienação Entre os Miguelenses
São Miguel dos Campos, entre tantas misérias, amarga uma disputa doentia pelo poder, seja entre os candidatos ou entre seus eleitores. Os argumentos de ambos os lados são calcados por alienações e fanatismos, o que alimenta ainda mais a expectativa de poucas mudanças no quadro social da cidade, pois a astúcia dos miguelenses é insuficiente para refletir sobre seus problemas e cobrar, de quem esteja no poder, que esta terra tenha dias melhores. Ao contrário disso, vemos comemorações, festas e discursões, enquanto algum político se farta com a miséria de nossa gente.
O fato é que este município se encontra num estado lamentável, em qualquer aspecto que seja observado, portanto precisa de mudanças. E se for necessário começar pela gestão municipal, então que seja. Se essa mudança representa uma fagulha de esperança para dias melhores, então que ela aconteça.
George Clemente é Prefeito de São Miguel
Durante anos os moradores dessa cidade foram submetidos a efeitos cada vez mais negativos das políticas públicas municipais que, aliadas aos descasos dos últimos anos por parte do governo estadual colocou seus habitantes numa situação de extrema limitação, essencialmente quando tratamos de formação educacional.
Após quatro derrotas, o empresário George Clemente tem a oportunidade de reverter, ou pelo menos iniciar uma mudança, no quadro social, econômico e cultural de São Miguel dos Campos. Seu eleitorado se baseia em dois grupos: um deles é semelhante ao grupo que apóia a atual gestão, são pessoas que dão suporte em troca de favores e interesses pessoais, ocupam cargos de confiança, secretarias ou simplesmente possuem empregos, onde não é necessário sequer bater ponto para arrecadar seus honorários. Esse grupo representa o pior da sociedade miguelense, pois não demonstra preocupação com o bem coletivo, com a melhora do serviço público, nem conhece ou tem interesse nos benefícios que uma democracia possa oferecer. É o que mais assombra nas possibilidades da gestão de George Clemente, imaginar que esses aproveitadores serão indicados para ocupar posições de extrema importância para o desenvolvimento da cidade. Presenciar provocação, opressão e perseguição seria ver o que caracterizava a gestão anterior como emblema também do governo Clemente. O segundo grupo é composto pelas pessoas que almejam o progresso do município, que anseiam por desenvolvimento mas não encontraram correspondência para suas expectativas nas ações da atual gestão.
Leonel D'Ávila, estudante universitário, descreve bem algumas expectativas desse momento, afirmando ser "natural que com uma nova administração as esperanças se renovem. Durante anos vimos a máquina municipal sendo utilizado para interesses particulares. Portanto, que essa nova administração deixe-se pautar pela transparência e pela probidade administrativa. Que a prefeitura não seja mais utilizada como cabide de empregos para familiares, amigos e correligionários. A ênfase do prefeito deveria ser instituir uma gestão profissional dos recursos públicos e mecanismos de controle e avaliação que evitem o desperdício e punam de forma vigorosa qualquer desvio de conduta ou ato de corrupção".
Algumas Prioridades Para a Nova Administração
Aqui estão 25 motivos que poderão ser decisivos para conquistar o voto de muitos miguelenses, mais que 15 e menos que 40. As necessidades citadas não são as únicas, nem poderão ser realizadas em meses, talvez nem em um mandato, mas é possível que algumas sejam realizadas, outras tantas encaminhadas e que a esperança das demais seja concreta. Entretanto, não serão necessários muitos fracassos para decepcionar; lembrando que há fracasso apenas onde não são usadas as mais dignas tentativas.
- Escolha dos melhores profissionais, com a devida formação, para os cargos de secretário. Com comprometimento, competência e a dinheirama investida pelo governo federal, interesse privado e arrecadação municipal, não é difícil fazer uma transformação jamais vista na história de São Miguel dos Campos;
- Incentivar empresas privadas e indústrias a instalar-se em São Miguel dos Campos. A população cresce visivelmente, assim como a arrecadação do município, inclusive com a obtenção de recursos através da união e nada muda na cidade, criando um sério problema de desemprego. Os habitantes precisam de trabalho e também de opções para entretenimento. Não temos um teatro, um cinema, restaurantes de culinárias diversas. Os nossos, inexplicavelmente, fecham aos domingos, exatamente no dia onde muitas famílias desejam fazer uma refeição fora de casa, quando amigos costumam se encontrar e divertir. Porém, nada será possível com a onda de assaltos que toma conta da cidade;
- Reorganização da Guarda Civil Municipal, onde as funções são mal distribuídas e a estrutura não condiz com as necessidades de segurança da população;
- Habilitar a Guarda Civil Municipal para trabalhar com a Polícia Militar no combate ao uso e tráfico de drogas. Os usuários são responsáveis por alimentar o poder de traficantes, realização de assaltos e a destruição da estrutura de muitas famílias. É preciso salientar que o problema não foi criado pelo serviço de segurança pública, portanto este setor sozinho não possui condições de resolvê-lo. É um caso (além de criminal) de ação social, educacional e de saúde pública;
- Acompanhamento, por parte da Secretaria de Ação Social, das famílias que vivem em condição de miséria, acompanhando e prestando assistência rotineiramente;
- Reestruturação dos Postos de Saúde Familiar (PSF). O atendimento não supre a carência da comunidade e a sistematização é muito burocrática;
- Retomar a distribuição de terrenos, considerando a necessidade de cada um dos beneficiados. Muita gente foi beneficiada de forma injusta, enquanto quem realmente precisava ficou sem assistência;
- Criação das associações de bairros, onde cada conjunto possuiria seus representantes e teria espaço aberto na câmara municipal para expor suas insatisfações e necessidades em todas as sessões rotineiras;
- Projetar a construção de um mercado público no conjunto Hélio Jatobá (II ou III). A maior parte da população reside na parte alta, por que a feira livre continua concentrada no centro da cidade?
- Desenvolvimento dos logradouros públicos, como as praças da cidade, que são mal construídas e tomadas pela pichação e uso de drogas. Não temos um ambiente saudável para realizar exercícios, caminhar, passear. Um espaço como o da Praça de Eventos não pode ser opção única e ficar restrito a realização esporádica de shows musicais;
- Construção de um complexo poliesportivo (com quadras de basquete, futsal, vôlei e pista de corrida), visando à possibilidade da prática esportiva e entretenimento para jovens e adultos. A melhor área para tal seria de um espaço semelhante ao terreno da “antiga cerâmica”;
- Organização das festas populares e tradicionais. “Chega de São João é São Miguel”! Rios de dinheiro sendo gastos para entretenimento numa secretaria que sequer cuida das escolas que possui. Existem grupos musicais regionais ou de música popular que poderiam exaltar as comemorações juninas. Além de divulgar o trabalho desses grupos, evitaria o uso absurdo de milhões com contratação de bandas de outros estados;
- Maior exploração da Casa da Cultura como referência para exposições artísticas, utilização da Casa para visitas de escolas como aula de campo da história de nosso município, de modo que a cultura regional seja efetivamente prestigiada em eventos internos e em outras cidades; sempre integradas com escolas e associações de moradores;
- Disponibilização de uma agência dos correios na parte alta do município. Uma cidade com cerca de 54 mil habitantes não pode ficar restrita ao atendimento de uma única agência, que ainda se localiza longe da massa da população. No que fosse possível e de alcance da gestão municipal, tentar deslocar uma das casas lotéricas para essa região, o que proporcionaria bons rendimentos ao proprietário, pois atenderia a maior clientela da comunidade miguelense;
- Extinção da Contribuição de Iluminação Pública (COSIP), cuja cobrança é inconstitucional e foi criada na antiga gestão;
- Abertura de concorrência para empresas que desejarem prestar serviços à sociedade miguelense. Entregar licitações às melhores empresas não é ideia inovadora, é lei;
- Assegurar a conclusão do processo da Gestão Democrática nas escolas municipais, permitindo a cada comunidade escolar o arbítrio de escolher seus gestores;
- Manutenção e ampliação das escolas existentes, que se encontram sucateadas com cadeiras e salas de aulas inadequadas, desconfortáveis e mal arejadas;
- Construção de, no mínimo, duas escolas de ensino fundamental, na parte alta da cidade. Não há razão para tantos gastos com transporte de crianças, as escolas é que estão nos lugares errados;
- Implantação de um sistema eficiente de educação integral, oferecendo as crianças e adolescentes aulas de música, dança, teatro, natação, judô, entre tantas outras modalidades;
- Inserção na grade curricular das escolas municipais componentes como “Educação Para o Trânsito”, “Cidadania: Direitos e Deveres do Cidadão” e “Educação Sexual e Estrutura Familiar”;
- Agilizar, juntamente com o governo federal, a construção do campus do IFAL, retirando dos alunos a desconfortável necessidade de ocupar o prédio da Escola Municipal Mário Soares Palmeira;
- Integração com a rede estadual de ensino, assegurando um trabalho coletivo entre as escolas através de calendários semelhantes e colaboração mútua em atividades escolares tais como feiras de ciência, gincanas e atividades esportivas;
- Adquirir o apoio do corpo docente e discente da Universidade Estadual de Alagoas para realização de projetos que envolvam a aprendizagem em língua portuguesa ou estrangeira e exposições sobre cursos e profissões;
- Proporcionar às escolas condições suficientes para organizar desfiles condizentes com a importância da festa do dia 29 de setembro, onde se comemora a Emancipação Política de São Miguel dos Campos, comprometendo-se com o civismo e a qualidade da educação ofertada em nossas escolas.
Por todas essas razões, a eleição (tardia) de George é aclamada com tanta festa, com tamanho furor. No entanto, vale ressaltar que enquanto alguns gritam pela esperança de boas mudanças, alguns comemoram a possibilidade da vantagem pessoal e de obter poder e perseguir quem não atende a determinados caprichos e vaidades. Portanto, o novo prefeito carrega a esperança de muita gente, veremos se teremos uma expressiva maioria miguelense satisfeita com sua liderança ou uma opressora minoria, que certamente não o elegerá nas próximas eleições. O voto é caro, mas não tem preço.
Algo que demonstrará a limitação das concepções políticas de boa parte de nossos conterrâneos é que muita gente vai torcer contra, vai esperar que não dê certo por pura vaidade eleitoral, e não perceberá que estará vibrando contra si próprio. Mas, certamente boa parte da população contribuiá com a nova gestão, que representará a espera de décadas do povo miguelense que anseia por desenvolvimento e progresso. George Clemente carregará essa enorme responsabilidade e não pode falhar sob o risco de perder definitivamente sua credibilidade política na região.